O início das miniaturas no Brasil aconteceu praticamente do mesmo jeito que foi no início da maioria dos outros países: brinquedos artesanais para crianças.
Mas, ao contrário do que aconteceu em outros países, a mudança de simples brinquedos para itens de colecionador ainda não chegou a acontecer de verdade. Pouquíssimas pessoas conhecem este tipo de arte (ou artesanato), e menos ainda a adotam como um passatempo...
Mesmo atualmente, a forma mais comum de encontrar miniaturas à venda é ir a uma feira de artesanato de fim-de-semana e acaba-se descobrindo algum tipo de miniatura decorando outros itens mais ‘úteis’, tipo potes, porta-chaves, imãs de geladeira, etc.
Apesar disso, temos representantes importantes da verdadeira arte da miniatura, e uma história também! Considerado por muitos o pioneiro das miniaturas de casas de bonecas no Brasil, o falecido artesão Rubens Kaplan [leia em
http://jornalmundomini.50webs.com/2006marco.htm] começou a fazer miniaturas na década de 1970. Assim como outros depois dele, ele começou quase que ‘brincando’ com os materiais que tinha à mão, fazendo pequenas miniaturas com eles. Mas então ele mesmo e outras pessoas acabaram notando que elas eram tão realistas, que todos quiseram que ele continuasse a fazendo mais e mais miniaturas. E foi o que ele fez…
Os atuais líderes e também pioneiros na arte de fazer miniaturas no Brasil são Pépp e Orson, Regina Nacthigall, Angelo Pinheiro, Ivani Grande e Regina Passy. Regina Passy escreveu o primeiro livro só sobre miniaturas e criou o primeiro grupo de discussão no assunto na internet, grupo ainda muito ativo. Ivani Grande é uma mestre na arte de fazer miniaturas em biscuit. Angelo Pinheiro não é só um mestre miniaturista, mas é um mestre de fato, pois ensina e compartilha dicas e truques generosamente. Regina Nacthigall faz acessórios e móveis surpreendentemente exatos e perfeitos, e suas aulas são famosas. Pépp & Orson sempre trabalham juntos e não somente seu trabalho é admirável, mas eles também realizam o evento mais esperado de miniaturas do país.
O único evento que mais se aproxima do que é uma das famosas feiras de miniaturas do exterior é um encontro muito esperado que acontece na casa/Studio de Pépp & Órson [ver em
http://peppassis.fotos.uol.com.br/album13 e em
http://www.dollhousebrazil.net/em_destaque.html] no final de cada ano. Lá, não só podemos ver as mais belas criações produzidas pelos melhores miniaturistas brasileiros, como também temos a rara oportunidade de comprar deles.
Muitos outros miniaturistas igualmente brilhantes vêm seguindo seus passos e nos maravilham com seus trabalhos. No entanto, poucos conseguem viver exclusivamente das miniaturas.
E apesar podermos dizer com orgulho que temos artistas muito talentosos, quem começa a gostar de miniaturas também tem dificuldade de encontrar suas minis aqui. Lojas vêm e vão. Infelizmente mais vão do que vem… No passado, a luta era contra uma inflação gigantesca e planos econômicos mirabolantes. Atualmente é a tarefa hercúlea de sobreviver aos impostos altíssimos do país e aos aluguéis estratosféricos para conseguir manter lojas físicas.
Atualmente temos três lojas virtuais principais, que também vendem trabalhos de vários artesões nacionais. E os próprios artesões vendem em sites de venda/leilão como etsy, elo7 e mercadolivre. Ou diretamente a seus clientes fiéis.
Exibições acontecem por todo o país, mas não como um movimento organizado. São geralmente resultantes de convites feitos por algum shopping a um artesão local ou então patrocinadas por empresas visando promover eventos culturais. Estas empresas podem promover exibições de um único artista ou vários juntos.
Apesar de todos os desafios encontrados pelos miniaturistas brasileiros, seu trabalho é absolutamente deslumbrante, um uso bem apropriado para esta palavra. Sempre que há uma exibição, a reação do público é sempre a mesma: eles não conseguem acreditar em seus próprios olhos! Adultos viram crianças de novo e se sentem como que entrando em um mundo mágico: sentindo-se como um gigante numa terra minúscula, enquanto se maravilham com os detalhes delicados de cada peça em cada ambiente. Os que têm a sorte de ver uma exposição de miniaturas – geralmente por acaso – tornam-se definitivamente seduzidos pelo fascínio gerado pelas miniaturas. Estes são os futuros miniaturistas, colecionadores e apaixonados pelo hobby.
E é por causa deles que eu honestamente acredito que, no que se refere às miniaturas, em vez de uma terra de desafios e obstáculos, o Brasil é uma terra prometida, onde uma multidão enorme de novos miniaturistas aguarda ser cativada para sempre!